Candidatura de Cavaco é a candidatura do grande capital

Maquilhagem para esconder a real natureza da sua candidatura uma candidatura de submissão do poder político ao poder económico e da uma visão instrumental dos partidos que o apoiam pelos homens do grande capital. É este D. Sebastião do século XXI que deixou o País numa profunda crise após dez anos do seu Governo, que se pôs em fuga perante o desastre da sua política e que o povo português maioritariamente condenou e derrotou que se apresenta agora, messiânico, a oferecer a salvação do País. O governante que trocou o futuro e a defesa da nossa agricultura, das pescas e da nossa indústria por uma mão cheia de Ecus que se esvaíram por entre os dedos dos poderosos, como o ouro do Brasil, ficando o País mais pobre e exaurido. Cavaco Silva faz parte desse cortejo de ex-governantes que têm o monopólio dos espaços de debate, onde se sentam apenas os «prós» e onde os «contras» são, quando são, a flor decorativa para salvar as aparências e que, do alto do seu pedestal e quantas vezes com petulante jactância, passam a vida a dar receitas e a apontar caminhos, mas que sempre que assumiram responsabilidades deixaram o País pior do que o encontraram. Não há camuflagem que esconda as enormes responsabilidades e as malfeitorias dos governos de Cavaco Silva, a sua arrogância e o seu autoritarismo. E se o tempo as pode fazer esquecer, e as outras candidaturas o deixam passar em branco, a nós compete lembrá-lo. Foi Cavaco Silva que, durante os dez anos que esteve à frente do governo do País, que protagonizou uma das maiores ofensivas contra os direitos individuais e colectivos dos trabalhadores e deu rosto ao mais grave desrespeito pelos valores e princípios básicos do regime democrático com uma prática governativa à revelia e contra a Constituição da República. Foi com Cavaco Silva e no seu ciclo governativo que se iniciou o processo de subversão das leis laborais, da lei da greve, dos despedimentos, abrindo as portas aos despedimentos colectivos e ao aumento da idade da reforma das mulheres dos 62 para os 65 anos, que executou o primeiro acto repressivo contra elementos das forças de segurança. Foi Cavaco Silva que, insensível às injustiças, promoveu um redobrado ataque ao trabalho com direitos, apoiou e incentivou as rescisões e as pré-reformas forçadas de acordo com os interesses do grande capital e aprofundou as desigualdades sociais Foi com Cavaco Silva no governo que se acelerou o processo de reconstituição das grandes fortunas e de entrega do melhor património público empresarial, nomeadamente as empresas dos sectores básicos ao capital estrangeiro. Olhando para os seus mais destacados apoios é caso para dizer que «amor com amor se paga». Não é por acaso que ainda hoje Cavaco Silva tem o apoio incondicional dos grandes senhores do dinheiro e dos grandes interesses, dos Belmiros, dos Teixeira Pinto do BCP, dos Dias Loureiro do BPN. Realidade bem patente também nos apoios e na constituição do núcleo duro da sua campanha, a começar pelo seu director de campanha, um dos fundadores do conclave do Beato e acérrimo defensor dos despedimentos selvagens. Foi Cavaco Silva, o responsável pela entrada sem preparação de Portugal na moeda única que conduziu à perda de mais de 20% da nossa competitividade em relação à média europeia. É este o candidato da instabilidade democrática com o qual a direita acalenta a esperança de subversão do sistema de poder constitucionalmente consagrado e de um presidencialismo autocrático. Esta é a candidatura que se impõe derrotar no próximo mês de Janeiro!

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