Catarina Eufémia Foi a 19 de Maio de 1954, que Catarina Eufémia foi assassinada em terras de Baleizão pelas forças do regime fascista. Lutava por pão e trabalho e, rapidamente, tornou-se um símbolo da resistência do proletariado rural alentejano à repressão e à exploração do salazarismo e, ao mesmo tempo, um símbolo do combate pela liberdade e da emancipação da mulher portuguesa. Nos tempos que correm, o exemplo de Catarina Eufémia continua a inspirar homens e mulheres que lutam, ainda, pelo fim da exploração, por uma sociedade mais justa e fraterna.
À MEMÓRIA DE CATARINA EUFÉMIA, MILITANTE COMUNISTA ALENTEJANA
Não conheci directamente Catarina Eufémia, mas acompanhei de perto a luta em que ela perdeu a vida. Segui as manobras e as provocações da PIDE e da GNR em torno do seu funeral. Conheci vários seus familiares. Poucos dias depois deste cruel assassinato fui transferido para o distrito de Beja, como funcionário do Partido Comunista Português, sendo responsável pela organização. Vivi de perto todo esse crime do fascismo, o assassinato de Catarina. Passaram-se 49 anos. Peço desculpa por repetir a descrição de acontecimentos conhecidos mas, às vezes, é bom relembrar a história. Foi a 19 de Maio de 1954, no começo das ceifas, numa luta por melhores jornas, nas redondezas de Baleizão, onde o famigerado Carrajola, um tenente da GNR de Beja, num acto de ódio criminoso, assassinou Catarina com uma rajada de metralhadora. Por lutar por melhores jornas! Os trabalhadores agrícolas de Baleizão estavam em greve, reivindicavam melhores jornas nas ceifas. A GNR tinha a aldeia cercada. Próximo dali, um rancho, arregimentado pelo agrário, «furou» a greve. Catarina e mais 14 companheiras romperam o esquema da GNR e foram ao encontro do grupo que ceifava. Foram interceptadas pelo tenente Carrajola que as questionou, cheio de ódio, sobre o que queriam elas. Catarina respondeu: «Quero pão para matar a fome aos meus filhos!» Em resposta, o criminoso Carrajola disparou uma rajada de metralhadora, matando Catarina... Este bárbaro crime provocou profunda dor e revolta no País, em particular na região de Beja e na terra baleizoeira. O fascismo matava homens e mulheres por lutarem por Pão e Trabalho, pela Liberdade e pela Democracia. Uma das fortalezas alentejanas da resistência antifascista, Baleizão, era onde o PCP, na clandestinidade, contava com forte influência e onde as mulheres comunistas tinham uma activa militância na luta revolucionária contra a ditadura salazarista, na luta pela Liberdade. Há gente que não gosta do PCP e procura negar que Catarina fosse militante do Partido. É necessário dar luta contra essas mentiras. Catarina Eufémia era não só militante, desde 1953, como era também membro do Comité Local de Baleizão do PCP e um dos seus membros mais activos.
Catarina Eufémia tornou-se um nome querido e respeitado, não só entre os militantes comunistas mas entre muitos milhares de portugueses e portuguesas. Não é por acaso que, ao longo destes 49 anos, largas centenas de pessoas dos vários cantos do País vão todos os anos, em Maio, ao comício do Partido em homenagem à camponesa de Baleizão. O nome de Catarina está gravado na longa história do nosso Partido. Catarina é uma mártir da resistência antifascista e um símbolo da coragem na luta sem tréguas contra a ditadura, pelo Pão, pelo Trabalho, pela Liberdade e pela Democracia em Portugal. Alentejo, 1 de Fevereiro de 2002
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